Voa Voa

... que o tio agora namora Lisboa.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Há camiões no eixo norte-sul (Bondage Sessions) by Brotherhood of Science: eu + Luís

Há camiões no eixo norte-sul
com prostitutas na cabine
no rego dos seus seios nasce uma lagoa azul
se os vir por favor buzine
Liga a chauffage que já tou a refrigerar
há meia hora em pelota e a carroça sem abanar
Maldição, já se ouve a sirene da polícia
vai tudo alinhar numa revista
mas o que se queria era que metessem um aviso com malícia...
cuidado senhores passageiros, que hoje há óleo na pista!

Das cinzas renascida (by Brotherhood of Science: eu + Luís)

Das cinzas renascida
para a descoberta duma nova vida
voa alto esperando sonhos encontrar
num bando sem ninguém a liderar
Penas vêm, penas vão
junta-se à renovação
que qual natureza pujante
leva o seu desígnio avante
Fiel à sua épica viagem
indo vazia a sua bagagem
finta o mestre do destino
entoa o seu próprio hino
e diz adeus à distante fuligem
ao sufoco e à vertigem
Olhai o sol, parece brilhar mais
em pleno vôo da Fénix, pioneira dos animais!

terça-feira, setembro 26, 2006

Pela estrada fora

Pela estrada fora
dentro do meu doce caminhar
ouço passos de outrora
sempre prontos a atacar
Trânsito no bosque infinito
nenhum susto, nenhum grito
há na penumbra olhos bem abertos
que correm na vereda das trevas
são nocivos e são espertos
bicho malvado, não é desta que me levas!
Já sei que nunca murcham
colunas de flores duma orgulhosa hera
mas o lobo-mau não desespera
confiante que as mentes se usurpam
Olho para o céu agora
instigo-me a continuar
não sei o sítio nem a hora
só sei que terei de parar.

sábado, setembro 23, 2006

Sou o pó ou sou o giz

Sou o pó ou sou o giz
que aos poucos se vai limando
em traços de arco-íris
em nuvens de gaivotas voando
Porque caio tanta vez
riscando texto só por riscar
desfazendo-me na pequenez
em bonecos por desenhar
E se estou pousado pego em mim
imagino-me na ponta duma linha sem fim
fora do quadro da consciência
trilho em busca da inocência
E tu, entra na minha espiral
percorre todo o meu labirinto
o nosso será o mais lindo mural
e tu o mais querido sarapinto!

quinta-feira, setembro 21, 2006

Ergue-se o peido (Bondage Sessions)

Ergue-se o peido
logo pela manhã
com o comprimento dum bocejo
intenso como a hortelã
Cola um selo na cueca
que fica amiga da lexívia
e numa velocidade supersónica
vai daqui até à Bolívia
E eis senão quando
quando tudo parecia sanado
sai o pai do gasoso malandro
e fica tudo intoxicado!

terça-feira, setembro 19, 2006

Se eu fosse um golfinho

Se eu fosse um golfinho
nariz empinado e sorriso rasgado
viveria pra sempre no meu ninho
num lugar por todos amado
Seria passageiro do indomável mar redondo
amante de cócegas, festeiro na brincadeira
só pelo prazer de ficar tonto
rodopiar a vida inteira!

O pequeno homem verde

O pequeno homem verde
vem da espacidão do oceano maternal
tão cedo a aliança se perde
despachado num envio programado
chora as primeiras lágrimas da sua confinação fatal
Sem memória do que foi visto ou sentido
como se nunca tivesse nascido
tenta ser o seu padroeiro
sonhando acordado um futuro platinado
nasce morto um novo guerreiro

Foi um conto de uma fada

Foi um conto de uma fada
que me aconchegava ao dormir
foi o cair duma escalada
no ímpeto de amar e sentir
Vi abandonados corações de ouro
fazerem-se seixos pelo caminho
mas não encontrei o teu, o maior tesouro
descendo o meu rio sozinho
Pensei que no fundo dum remoinho estaria
a chamar por salvação
por isso fui na minha canção
à deriva na torrente de magia
Nem escutei o retumbar da catadupa
donde caí, acordei e te esqueço
agora que passo tudo à lupa
foi uma amiga sem preço
e para sempre docilmente te peço...
Desculpa

sábado, setembro 16, 2006

À margem (Bondage Sessions) by Brotherhood of Science: eu + Luís

À margem
nesta louca vida boémia
desfolhando a tenra vagem
à bruta num estado de alcoolémia
Escorre tinta do aparo
não sei mas sabe-me a fruta
no fundo daquela gruta...
com o tapete de entrada mais raro
Por isso ampara este chouriço
nesta noite à beira-rio
escolhe o orgasmo ao ressabio
e tá feito o rebuliço
Embrulhos em carrapitos
em cima duma coelha
levadinha aos apitos
tão quente que até ajoelha

sexta-feira, setembro 08, 2006

Deixa-me correr contigo gato amigo

Deixa-me correr contigo gato amigo
subir ao teu mirante e chegar com os olhos a um paraíso distante
aqui onde os problemas não têm peso e nenhum ser se nega a contemplar
saio desta caçada triunfante e ileso, em que a presa é o meu vivo bem-estar
No perigo e na aflição, leva-me pró melhor esconderijo da região
mias-me que haverá sempre uma força que atenta contra a nossa
e que na premência da vida, o instinto prevalece
desgarrado travarei a luta e ainda farei troça
pois a gatinhice é coisa do presente e nunca esmorece
Dou uns lambes no teu pelame num gesto afectuoso
e lavo em mim aristogato, o gosto de estar lustroso
enfim janotas para o baile da lua cheia
hoje tenho uma licença pra engatar, e será a mais peluda dulcineia
por favor deixa-me a gatinhar, ao acenares o teu bigode
e num entrelaçar de caudas, nem um beliscão acode
fico escaldado de amor, hipnotizado pela doce cotovia
e solto um suave romrom a querer dizer "Ai que vida la mía"!

segunda-feira, setembro 04, 2006

Fazemos poesia popular (by Brotherhood of Science : eu + Luís)

Fazemos poesia popular
vivemos a vida a rasgar
queremos as nossas sombras da lua
o tempo dum alegre respirar
tocados ao ritmo da linda falua
desfaz-se o luto, agarra-se a paz a sambar!
Sonhamos com luzes mais fortes
nesta escura viagem sentimental
uma estória feita de personagens e mortes
em busca do refundido Santo Graal

sábado, setembro 02, 2006

Palavrões pra quê ?

Palavrões pra quê?
Passaria os dias a comiserar por ti
mas estaria a ostracizar-me apenas
o armistício é fictício, frágil fogo que não se vê
palafitas em diluvianas vagas que senti
agora arremessam farpas taciturnas às dezenas
Tão infame e vão que é este onírico azedume
dilacera-me o coração com a destreza dum cardume
sublima nuances na aguarela da sacra loucura
na compulsão de achar o mate da minha amorosa senda
sou o majestoso réu do surripiar da razão dura
o primordial deslumbre da impagável toleima já é lenda
Pretiro a perífrase para palavrões articular numa moda bonita
e quase fiquei cativo deste sortilégio parasita