Um dia por acontecer

Um dia por acontecer
um instante para acordar
um sol por se ver no luar...
do meu amanhecer
Que desvontade é a sua
que me põe a alma nua
conta-me estórias de embalar
asfixia-me o olhar
tira-me do meio da rua!

O vaipe maldito

O vaipe maldito
começa a pender
desaba lento sobre mim
parto pra mais um rito
saio logo a perder
acho-me no fim
Mas sinto-me erudito
pinto a vida apaixonante
e qualquer cena valerá a pena
na minha torre esfuziante
Ai, foi tudo tão passageiro
e tudo como eu queria
fugaz meteorito
falso curandeiro
ouvirei a salva de gritaria
"vai-te embora vaipe maldito!"

Porque é a vida uma vadia

Porque é a vida uma vadia
e o ego um desasossego
é o destino que me dá tino
me faz ir mais longe nesta via
para lá do descalcetado desapego

Leva-me de volta ao tempo das bolas de sabão

Leva-me de volta ao tempo das bolas de sabão
quando não havia templos e tudo era sagrado
eu e a vida brincávamos lado-a-lado
e a semente germinava contente
caída no olho de um furacão

As jóias que usarei pra sempre junto ao coração

As jóias que usarei pra sempre junto ao coração
são os olhos de quem?
A moldura que fantasia a lura da minha serpente de estimação
são os lábios de quem?
As suaves cascatas que ocultam a paisagem dos arrepios mais belos
são de quem estes cabelos?

Leonor, Leonor (de Carlos Bettencourt)

Leonor, Leonor
minha cara de estupor
rasguei-te, rasguei-te
não queria dizer isto,
mas foi com tanta DOR.

Poema para uma princesa (de Carlos Bettencourt)

Os teus olhos são como o brilho do mar
Os teus cabelos, raios de Sol
O teu sorriso é lindo....lindo como uma flor!

Salomé, Salomé

Salomé, Salomé
espírito irrequieto, atestado de fé
dirige a pulso a sua estufa
duas raras flores a que chama amores
e assim digere os dissabores
em admirável lufa-lufa!
A sua dádiva é interior
ela me descansa ao sorrir
já lhe sei a gentileza de cor
só falta dizer, tia minha
és um modelo a seguir!