Voa Voa

... que o tio agora namora Lisboa.

quarta-feira, março 24, 2010

Gosto tanto de ti Betty Boop

Gosto tanto de ti Betty Boop
fazes-me lembrar o liceu
ah! o liceu! a grande novela
mas desta feita estou em desenhos animados
consegues acreditar?
"ainda és só figurante" diz-me a minha ambição
mas já não me consigo controlar
ao ver o teu espectáculo itinerante
Sorriso queixudo
cabelo de morrer
a camisola branca...
A Betty dançava
num salão improvisado por mim
ela saía do palco para me visitar
Boop-Boop-a-Doop lá vinha ela
e tudo o mais desaparecia
só o beijo não era censurado
enquanto o pano preto nos tapava
para uma nova aventura
porque a vontade era dura
e a saliva também chegava

domingo, março 21, 2010

Riso

Riso
bobo do siso
fonte de energia
foco de alergia
ah ah ah para trás
uh uh uh para a frente
não se diz mas se faz
a dança do dente
Rio de cima
rio de baixo
rio à larga
rio amarelo
rio aberto
rio mais perto
Cheia de rubor de sangue
olhos bem desfocados
formigueiro geral
Riso louco e grande
de lábios delgados
e tez bestial

quinta-feira, março 18, 2010

Não se passa nada no ciberespaço

Não se passa nada no ciberespaço
não há extraterrestres nem deuses
que justifiquem a minha pequenez
eu sei que sou giro mas podias dizê-lo
podias até conhecer-me
mas dá-me já um beijo e põe fim à minha ilusão
Levantei-me a meio da noite
para te encontrar na escada de incêndio
eu decidi-me a experimentar e tu deste-te à confiança
festas por cima de festas
foste um gato por instantes

terça-feira, março 16, 2010

Tão brilhante e claro que é

Tão brilhante e claro que é
o mundo alternativo
pensamentos com sentido não é?
tudo muito mais vivo
Chega a ser irritante
mas não o sinto
somente me minto
só quero surfar-te onda gigante
Subitamente, gosto de me atrasar
de tocar e de cheirar
todo o caminho que faço
o tempo até é escasso
para gostar de cada passo
como se guarda uma façanha
se fica a respirar o espaço
chegando ao pico da montanha

Apaga-se o sol

Apaga-se o sol
apagam-se as mentes
os fidalgos e os dementes
os medrosos e os descrentes
senhores habitantes das minhas estantes
Acenda-se o farol
senhora da minha tranquilidade
iluminas de verdade
resumes o dia ao mínimo mais forte
ao guia na escuridão
por favor, dá-me a mão
entrego a noite à tua sorte

sábado, março 13, 2010

Não me bateste nada

Não me bateste nada
nem sequer me achocalhaste
não saí da mesma estrada
onde permanece o desastre
Já me passei
agora só quero o neutro da terra
a paz bege que sucede a guerra
se a estranhar, é porque voltei

estava aqui a pensar com genica... quem sou eu senão um joguete deste estúpido aparato químico de que tudo é feito, cada vez mais vejo o livre arbítrio atrás de grades inoxidáveis e vitalícias, numa ala especial da biblioteca da minha cabeça. E eu, que sei que existo, onde me encontro? Em todo o lado, na infinitamente complexa cadeia de acção-reacção que supostamente o big-bang pariu... estou na construção de tudo em que toquei directa ou indirectamente, e então eu já não sou eu, sou o que falta ao resto do universo, sou mudança constante, sou um blog diferente todos os dias... bem-vindos a vocês mesmos!

é a poesia fresquinha!! há quadras e sonetos!! menina só lê acompanhada pelo namorado! actualizado quando dá na tola do poeta! poeta autografa partes do corpo de menina! poeta comprometido! poeta sem ninguém! poeta sofrendo! poesia em construção carago!!!

quarta-feira, março 10, 2010

Eu preciso de qualquer corpo

Eu preciso de qualquer corpo
corpo inteiro, corpo certo
para eu despedaçar, para eu incertar
E não de um corpo qualquer
mas dum corpo fresco, um corpo de muitas frutas
para eu refrescar, para eu desfrutar
Pensei que fosses tu mulher
tu que tens umas mulheres de cima e de baixo tão lindas
era que bem podias ser
tu mais o teu feitiço a par de maneiras distintas
Quero o estilo teu
esse que me dá que falar
que só nos despois me deixa pensar
comigo sempre a cair do céu
Se me ajudasses a somar
eu seria aluno que surpreende
e não teria mais medo de voar
de ficar demasiado contente
Bastava um sinal
os nossos melhores números
um espectáculo total!

Bom dia alegria!

Bom dia alegria!
a alegria no cano entupido duma pia
o ar perfumado num caixote do lixo cheio
o sorriso no cagalhoto falciforme no meio do passeio
As merdas dos outros que tanto me aquecem o coração
as vezes que me desligam, para mim são beijos de veludo
as feiosas e buçentas nem sabem a tesão que me dão
e se me morre alguém, canto canções de embalar ao som da lira e tudo!
Não há bébé mais fofo que o mongolóide
sei logo que daria um bom progenitor
e um dia o mandaria rebentar com um asteróide
fazendo dele o nosso palhaço salvador
E essas pessoazonas com depressão, só lhes tenho a agradecer
por tornarem esta vida ... tão mais bela de viver...

segunda-feira, março 01, 2010

Por entre copos e copitos

Por entre copos e copitos
rasos, altivos, eram sapos e flamingos
em átomos de vidro reflectidos
atascados e entretidos
lentamente, desfazendo-se em pingos
Eu via vultos de ti num aquário sujo
levemente incendiada
profundida em ondas de carmesim
e perseguia-te só para te ter vidrada
de encontro à montra, de encontro a mim