Voa Voa

... que o tio agora namora Lisboa.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Há grão que anda sempre comigo

Há grão que anda sempre comigo
de areia ou de xerem
sabor a sal antigo
tempêro da água-mãe
A alma sossega-se a flutuar
a palmeira abana com calmeira
a onda deita-se redonda
no corpo liquído do mar
Todo o dia me geminas mais um pouco
me dás força de nidificar
vou sentindo o que é ser louco
por não ter quem me segurar
tomo um caneco de memórias
lembro do bom, do melo
até virar verde com as escórias
e desembarcar no meu porto do Mindelo
Porque me fascina o irrepetível?
será o gosto pela saudade do inesquecível?
ela que me vá afiando o gume
que não deixe morrer o lume
mas ouve, não é ninguém
vai-se o vai e vem-se o vem
e do esconderijo sai esquivo
um outro nado-vivo