Voa Voa

... que o tio agora namora Lisboa.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Não te queria abrir o apetite mas...

Não te queria abrir o apetite mas...
Apanhava-te na minha horta pequena e singela
feita com as toupeiras a ratar-me a couve-coração
não hesitava em atordoar-te com o bordão
desmembrava-te com jeitinho e guardava o sangue pá cabidela
Fazia um picadinho de alho, coentros e cebola
passava a noite a marinar com as perninhas
uma comia inteira no espeto com ervinhas
a outra aos bocados dentro duma bola
Dos bracinhos fazia umas belas bifanas
umas iam a grelhar com sumo de limão
as outras fritava-as panadas com bananas
e o que sobrasse enchia o empadão
Da mioleira fazia um prato requintado
metade crua com caviar, míscaros e aroma de baunilha
a outra estufadinha com caracoletas do prado
ou então esmigalhada com pinhões numa tortilha
As ovas punha-as a curtir em molho de leite e vinagrete
a esquerda cozia-a a vapor coberta de tomatada até cheirar a queimado
a direita moía co pilão e dava-lhe um banho-maria do cacete
o importante era levar pau de canela pra saber a pecado
Aos olhinhos juntava cenoura às rodelas num camuflado de couves de bruxelas
um entremeava de presunto e alface e petiscava o canapé
o demais podia triturar o fazer o recheio prás beringelas
que alouravam no forno polvilhadas de queijo chulé
Ao narizinho chamava-lhe um figo madurinho
As orelhas barrava-as com cera de abelhas
Os lábios eram demolhados durante 2 dias
juntamente com grão-de-bico do bem rijo
marchavam cum linguado num vê-se-te-avias
e pró toque agridoce venha a marmelada e as natas a esguicho
O coração derretia em manteiga e sumo de maracujá
misturava farinha branca-de-neve e muitos ovos e mel
depois era só enrolar com muito carinho e já está
a torta que é a coisa mais doce e fofinha do meu farnel!